quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Em nome de Deus

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Eu sou do tipo de pessoa que gosta de filmes épicos, gosto de imaginar como seria viver em uma época diferente, sem tanta correria ou tecnologia. Saber dos costumes antigos e crenças, após assistir filmes deste tipo fico viajando por horas e imaginando tais situações. Nesta últimas semanas assisti a dois filmes interessantíssimos "Rei Arthur" e "Robin Hood", se você não assistiu ainda, por favor assista. 

Em ambos os filmes foi mostrado o poder que a religião tem sobre a sociedade e como o nome de Deus pode ser usado para o mal, isso mesmo para o mal. Papas, bispos, padres e todo clero tinha uma forte influência sobre o comportamento da sociedade e, principalmente, do governo local. 

Pensei muito sobre isso e fiz comparações sobre a igreja da Idade Média e nossa igreja Cristã (protestante/católica) atual e vi que a situação é similar, a religião, seja ela qual for, tem uma forte influência. No caso do Brasil, o Cristianismo é o maior influenciador, em países árabes islamismo e China o Budismo, e por ai vai. 

Nos filmes que assisti, o nome de Deus era usado de forma opressora, Deus era o castigador e carrasco dos pobres, em nome d'Ele era cobrado impostos abusivos, em nome d'Ele pessoas eram assassinadas, em nome d'Ele famílias eram destruídas e guerras se iniciavam. Eu como cristão, passei a odiar o Deus daqueles religiosos da época, e quando me deparei fui ver que era o mesmo Deus que eu sirvo hoje, mas de uma forma totalmente destorcida! 

Atualmente, infelizmente, vejo lideranças oprimindo "suas ovelhas" de formas e formas diferente, hoje não são cobrados impostos, mas é ensinado a barganha (quanto mais der a Deus mais você terá), hoje os pobres são tratados como errantes (se você está mal é porque não está nem ai para você ou você cometeu algum pecado), posso citar inúmeros exemplos, mas não é este o objetivo deste texto, e obviamente não são todas igrejas e instituições que fazem este tipo de coisa, que isto fique claro. 

Afinal, o que quero dizer com este texto? Que assim como o nome de Deus é usado para o mal, temos um grande potencial para impactar o mundo positivamente que desconhecemos e que, infelizmente, pessoas más sabem usar com sabedoria. Existem centenas de cristãos que sabem utilizar mas a grande maioria não sabe e deixa o exército enfraquecido. Não temos que depender de nossos pastores e líderes para sermos levados a buscar a Deus, orar, ler a bíblia, nosso quarto é nosso local de treinamento e não o templo. O templo é o local onde você se reúne para se exercitar junto, porém se não se exercita diariamente não será forte em um dia. 

Em nome de Deus podemos mudar o mundo, por isso temos que conhecer a verdade e a justiça do Senhor. Em nome de Deus podemos alcançar os perdidos, por isso temos que receber o amor do Senhor a cada dia. Em nome de Deus curas e milagres acontecerão através da nossa vida, mas temos que manter um relacionamento constante. Em nome de Deus a sociedade pode ser transformada mas temos que viver em santidade! 

As injustiças diminuirão a ponto de acabar a partir do momento que nós usemos o nome de Deus de forma correta e o busquemos com maior intensidade!

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Será que somos Jó?

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Tenho percebido que muitas pregações das igrejas atuais retratam exatamente o livro de Jó! 

Para quem não sabe Jó nunca existiu, pregadores fazem muita pregação em cima de deste livro dando a impressão que foi uma história real, o que na verdade não é, o livro é uma parábola! 

Em resumo, Jó é representação do povo de Israel que era oprimido por ensinamentos distorcidos da vontade de Deus. Para que você se aprofunde leia abaixo o estudo que extraí do site da ESTEF-RS, vale muito a pena ler e comparar com os dias atuais! 


O LIVRO DE JÓ

Introdução

Antes de uma boa leitura do livro de Jó é preciso situar o livro dentro de seu contexto. Jó não é livro histórico, mas uma parábola, ou peça de teatro que tem seu objetivo de apresentar uma certa visão teológica do sofrimento, em contestação a uma visão tradicional, ou seja, da teologia da retribuição. A religião oficial ensinava que, o que aqui se faz, aqui se paga. Logo, quem faz o bem recebe bênçãos de Deus, quem faz o mal é punido. Quando alguém é bem sucedido na vida, tem muitos bens, isto seria prova de que ele é justo. Pelo contrário, a miséria, os desastres, as doenças e a pobreza seriam um indício de que seu portador seria um pecador. Na época da redação ainda não é generalizada a fé numa vida após a morte, por isto, os judeus de então esperavam recompensa já aqui na terra para suas boas obras ou para a sua justiça. Esta visão teológica, no entanto, trazia problemas, pois legitimava o status quo da sociedade que marginalizava o pobre, ou seja, os ricos e bem sucedidos eram vistos como os bons, os próximos a Deus e os pobres como pecadores que estavam pagando seus pecados. Eles eram culpados de sua desgraça. Ainda nos tempos de Jesus, os apóstolos pensavam que os ricos estivessem mais perto de Deus. Estranharam quando Jesus diz que dificilmente eles entram no Reino: “Então, quem pode ser salvo?” (Mc 10,26). O livro de Jó quer mostrar que não é bem assim. Jó é um homem justo que sofre e este justo questiona a Deus, ou melhor, questiona a teologia que ensina tal coisa. Questiona o Deus da religião oficial, ou dos dominantes.

O livro de Jó pode ser dividido em dois blocos:

  1. Jó 1,1-2,13 e 42,12-17 - parte velha
  2. Jó 3,1-42,11 - parte nova

           
Como foi visto, o livro não foi escrito de uma só vez, ele foi completado. Talvez, o redator tivesse se valido de uma velha lenda (Jó 1,1-2,13 e 42,12-17) e lhe tivesse dado nova interpretação, acrescentando os capítulos 3-42. Percebe-se isto quando se constata a parte nova não fecha com a parte velha. Nesta se apresenta Jó como o homem paciente, naquela Jó reclama e protesta até contra Deus.

Segundo alguns autores, o livro de Jó teria sido escrito no Exílio e Jó seria a figura do povo exilado que perdeu todos os seus bens, seus filhos (2Rs 24), um povo sem esperanças que não podia entender sua sorte de exilado. O livro de Jó seria uma tentativa de reerguer a cabeça dos desanimados como também o faz Is 52,13-53,12 (Servo Sofredor). Segundo outros autores, o livro de Jó seria do pós-exílio, época de profundas crises, quando o judaísmo se reestrutura e cria uma religião pesada que oprime os pobres.

Aqui se opta pela segunda possibilidade. Por isto, tentar-se-á descrever esta época.


1 - O período pós-exílico

Nos anos 539 a.C. o imperador persa permitiu que os exilados voltassem para a sua terra (Esd 1,1-11). Voltando a Jerusalém, os repatriados encontram apenas ruínas. Começam, então a reconstruir o templo e a cidade (Esd 4,24ss). No entanto, o império persa não devolvia tudo aos repatriados. Estes eram obrigados a pagar pesados tributos ao império. Fala-se que Judá devia pagar o equivalente a 2.100.000 dias de trabalho por ano. Ao lado do tributo pago aos persas, o povo devia pagar outro tributo que era destinado ao templo. Somando os dois tributos, o agricultor se desfazia de aproximadamente 58% de sua colheita e de seus rebanhos.

Em Jerusalém, uma elite se apoderou do templo e da religião e cooperava com os persas, arrecadando os tributos do povo para pagar a estes. Muitas vezes o pequeno agricultor não conseguia pagar seus tributos, então recorria à elite, fazendo empréstimos (Ne 5,1-5). Assim, aos poucos, o pobre perdia suas terras, seus animais, seus filhos. Faminto, ficava doente e abandonado por todos (Jó). Os ricos se aproveitavam desta situação (Is 59,3-9). A elite contava a lenda da paciência (Jó 1-2 e 42,12-17) para acalmar o povo. O povo devia ser paciente. Deus tirava colheita, animais e filhos, deixava o povo cair na miséria, mas a seu tempo Deus devolveria tudo em dobro.
Para melhor dominar o povo e arrecadar os tributos para os persas e para o templo, os sacerdotes judeus instituíram um culto baseado no puro e impuro. Havia coisas impuras (Lv 13-14) animais impuros (Lv 11), o parto era impuro (Lv 12), etc. Quem estivesse em tais circunstâncias devia se purificar, oferecendo sacrifícios no templo (Lv 4,27 e 7,38). Ora, o pobre exercia funções onde diariamente entrava em contato com a impureza. Para se purificar ele enriquecia a elite do templo. Deus, agora é monopólio do templo, só se pode chegar a ele passando as portas do templo. Não é mais o Deus do Êxodo 3,7 que escuta o clamor do povo.

Para esta elite, a teologia da retribuição era uma arma para acalmar os ânimos. Os bem sucedidos são os prediletos de Deus. Os sofredores são culpados de sua sorte. Devem ter paciência.


2 - Jó, uma reação popular à teologia oficial

Jó começa a questionar o Deus das elites. Questiona seriamente seu estado de vida ocasionado pela exploração (Jó 3). Elifaz, Baldad e Sofar, representantes da religião oficial querem convencer Jó a aceitar seu estado de culpa. Você sofre porque fez pecado. Humilhe-se e peça perdão (4-11). Jó não aceita a teologia dos representantes da religião do templo (12-14). Os representantes da religião oficial fazem novo apelo para meter sua teologia goela abaixo (15-20). O mesmo se verifica em Jó 21-27.
Uma novidade acontece em 29-31 e 38,1-42-6. Jó fala diretamente a Deus e protesta contra ele. Recebe uma resposta de Deus (38,1ss). Esta resposta faz ver que Deus é diferente daquele pintado pela religião oficial. É o Deus da vida. Jó deve mudar sua cabeça. Deus não é culpado do sofrimento, este vem dos sistemas (Pérsia e religião judaica).

3 - Conclusão 

O livro de Jó, às vezes coloca certa ousadia na boca de Jó. Esta arrogância é a pedagogia que o livro usa para enfrentar, não a Deus, mas a falsa imagem que se tem de Deus. Deus é bem outro. O livro enfrenta a religião oficial, baseada no puro e no impuro, na retribuição. O sofrimento não vem de Deus, mas dos sistemas político-econômicos e religiosos. Estes têm um falso Deus que deve ser enfrentado e desmascarado. Este é o grande desafio para hoje. A visão que se tem de Deus pode impedir o acesso a ele.

Fonte:
 

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